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💭 Você está se culpando demais... Será?

Você está assumindo sua vida ou se punindo em silêncio?

Você já se pegou repetindo mentalmente alguma falha do passado como se estivesse em loop? Já sentiu que, mesmo tentando seguir em frente, alguma parte de você insiste em apontar o dedo e dizer “a culpa é sua”?

Pois é. A culpa tem esse talento cruel: ela se disfarça de responsabilidade, mas muitas vezes é só autopunição com fantasia de consciência.

Mas... e se o problema não for a culpa em si, e sim o que você faz com ela? Será que você está mesmo assumindo a responsabilidade pela sua vida, ou só está se punindo silenciosamente por algo que não soube fazer de outro jeito?

Nessa dose de autoconhecimento e autenticidade, vamos falar sobre a linha tênue entre assumir sua história com maturidade e se aprisionar num ciclo de julgamento interno que não te deixa crescer.

🧠 Culpa, Responsabilidade e o Fio Invisível do Autojulgamento

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Na psicologia existencial e na abordagem junguiana, a culpa aparece como um elemento inevitável da vida psíquica. Mas ela pode assumir formas muito diferentes — e ter efeitos profundamente opostos.

Por um lado, existe a culpa saudável, aquela que surge quando ferimos nossos valores ou afetamos alguém negativamente. Ela nos convida à reparação, ao aprendizado e à reconstrução de vínculos. É uma culpa que olha para frente, que nos amadurece e nos reconecta com o que importa.

Por outro lado, existe a culpa tóxica — aquela que não nos ensina, apenas nos esmaga. É um julgamento constante, silencioso e repetitivo que corrói a autoestima e bloqueia qualquer impulso de recomeço. Ela nos prende no passado e se disfarça de maturidade, quando, na verdade, é só medo de ser imperfeito.

Carl Jung dizia:

“Erros são, no final das contas, os fundamentos da verdade.”
(JUNG, 1954, p. 60)

Ou seja, errar não é o fim — é o ponto de partida. Mas quando a culpa se transforma em punição emocional crônica, deixamos de crescer. Em vez de usar o erro como degrau, usamos como prisão.

Um estudo recente publicado na Personality and Individual Differences (2023) demonstrou que altos níveis de culpa autorreferenciada — especialmente quando associada à autocrítica rígida — aumentam significativamente os sintomas de ansiedade, insônia e sentimentos de inadequação (WATSON et al., 2023). E o mais curioso: quanto mais a pessoa tenta compensar o que fez de “errado”, mais ela se sente insuficiente. É como tentar preencher um buraco emocional com areia movediça.

No fundo, o que parece responsabilidade pode ser um desejo inconsciente de punição. Às vezes, a pessoa não quer se responsabilizar — quer se punir. Como se carregar um peso constante fosse a única forma de se sentir “melhor”.

Mas a chave da transformação está justamente na distinção: assumir a responsabilidade não é o mesmo que se martirizar. Você pode ter errado — e ainda assim ser digno de recomeçar. Pode ter falhado — e mesmo assim ser merecedor de afeto, respeito e autocompaixão.

A verdadeira responsabilidade nasce quando abandonamos o chicote e estendemos a mão. Quando trocamos a vergonha pela coragem de aprender. Quando paramos de querer “pagar pelos nossos erros” e começamos a usá-los como trilha para o nosso crescimento mais autêntico.

🔋Ferramentas Para Transformar Culpa em Crescimento:

  1. Dê nome ao erro, não ao seu valor: Você errou em algo — isso não te faz “errado”. Dissocie o erro da sua identidade.

  2. Reescreva sua narrativa interna: Quando seu pensamento vier com “eu deveria ter...”, responda com “naquele momento, eu fiz o melhor que podia”.

  3. Fale com você como falaria com um amigo: Você julgaria alguém querido com a mesma dureza com que se julga?

  4. Transforme culpa em ação reparadora: Sempre que possível, escolha reparar e aprender — não ruminar.

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É preciso coragem para ser imperfeito. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou

— Brené Brown

📚 Recomendação de Leitura:

Este livro apresenta uma abordagem científica e emocional sobre como transformar a maneira como você se trata — principalmente quando erra. Neff propõe uma substituição prática da culpa pela autocompaixão sem abrir mão da responsabilidade, e traz exercícios que podem mudar profundamente sua relação com o próprio valor.

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