Na psicologia, especialmente na abordagem de Carl Gustav Jung, a autossabotagem é vista como a expressão da nossa “sombra”, aquela parte de nós mesmos que escondemos, onde acumulamos medos, inseguranças e experiências que não conseguimos ou não queremos integrar à nossa personalidade consciente. Essa parte oculta pode fazer com que, mesmo quando temos grandes oportunidades de crescimento, acabemos nos comportando de maneira destrutiva, como se estivéssemos inconscientemente protegendo um “status quo” que já conhecemos, mas que nos impede de mudar e evoluir (JUNG, 2011).

Para além disso, a autossabotagem também pode ser entendida como uma resposta que saiu um pouco do controle diante dos desafios da vida moderna. Nosso cérebro, especialmente as áreas relacionadas ao estresse e à regulação das emoções, pode reagir de forma exagerada quando enfrentamos situações difíceis. Essa resposta exagerada pode levar ao fortalecimento de hábitos e pensamentos negativos, criando um ciclo vicioso que dificulta a mudança. Por isso, é importante adotar estratégias que ajudem não só a pensar de forma mais positiva, mas também a lidar melhor com as emoções (NEFF, 2011).

E quando olhamos para diferentes culturas ao longo da história, vemos que o tema da autossabotagem sempre esteve presente, mas de formas distintas. Em muitas culturas, os rituais de passagem, cerimônias que marcam momentos de transição na vida, mostram como os medos e as dúvidas podem interferir no caminho para se tornar uma pessoa plena e autêntica. Esses rituais simbolizam a jornada necessária para se conhecer e integrar todas as partes de si mesmo, incluindo a “sombra”. Isso nos ensina que a autossabotagem não é apenas uma questão individual, mas também um reflexo dos desafios que temos em lidar com as expectativas e pressões que a sociedade impõe (VAN GENNEP, 2013).

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