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💡O Que Te Dói é o Presente?
Ou as Expectativas Que Você Criou?

Você já se pegou dizendo: “Não era pra ser assim”? Ou pensando: “Já era pra eu estar em outro lugar”?
A dor muitas vezes não vem do que está acontecendo, mas do que imaginamos que deveria estar acontecendo. Criamos expectativas silenciosas sobre como as pessoas deveriam nos tratar, como nossa carreira deveria evoluir, como nossos sentimentos deveriam se comportar. E quando a realidade não entrega esse roteiro imaginado… sofremos.
Mais do que injusta, a vida é imprevisível. E, quando não percebemos que estamos apegados a versões idealizadas do que queríamos viver, acabamos transformando o presente em um campo de batalha entre o que é e o que deveria ser.
Nessa dose de autoconhecimento e autenticidade, vamos falar sobre como as expectativas criadas silenciosamente podem ser as verdadeiras responsáveis pela sua frustração — e como abrir mão delas pode ser o início da sua paz.
🧠 A Dor da Realidade ou o Sofrimento do Imaginado?

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Segundo a filosofia estoica, não é o que acontece que nos machuca — mas a forma como interpretamos o que acontece. Epicteto já dizia que “o que perturba os homens não são os eventos em si, mas as ideias que eles têm sobre os eventos”. Em outras palavras: a expectativa cria o cenário, e a realidade não consegue atuar no papel escrito.
A psicologia contemporânea corrobora isso. Um estudo recente da Frontiers in Psychology (ZHENG et al., 2023) mostrou que pessoas com altos níveis de idealização do futuro experienciam mais sintomas de frustração, ansiedade e desmotivação — não necessariamente por eventos negativos em si, mas por não conseguirem se adaptar à diferença entre expectativa e realidade.
Na visão junguiana, essa fratura entre o real e o ideal é um chamado da alma. Jung afirmava que a dor psíquica é, muitas vezes, um grito simbólico: um pedido de reencontro com a realidade interior, não com a fantasia externa. O sofrimento nasce quando tentamos encaixar a vida em moldes que não respeitam nossa verdade mais profunda.
A expectativa, quando não questionada, se transforma em prisão. Ela exige que a vida corresponda a padrões criados por um eu idealizado — que quase nunca é o eu verdadeiro. A libertação vem quando trocamos a pergunta “por que não está como eu queria?” por “o que posso fazer com o que está aqui agora?”.