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💡Nem Todo Cansaço é Físico
Às Vezes é Sua Alma Pedindo Mudanças

Você já acordou depois de uma boa noite de sono e ainda assim se sentiu esgotado? Já viveu dias aparentemente calmos, mas no fundo, algo em você estava implodindo em silêncio? Pois é... há um tipo de cansaço que nem mil horas de descanso resolvem. Ele mora em outro lugar.
Talvez você já tenha tentado organizar a agenda, equilibrar a alimentação ou começar uma nova rotina de autocuidado. Mas mesmo assim, o desânimo volta. O peso volta. A inquietação também. Como se a alma estivesse sussurrando: “Isso não é só fadiga... é exaustão de continuar sendo quem não é mais você.”
Nessa dose de autoconhecimento e autenticidade, vamos falar sobre esse cansaço que não se alivia no corpo, porque nasce em outro plano: no psíquico, no simbólico, no existencial.
🧠 O Cansaço Como Sinal da Alma (Não Só do Corpo)

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Na psicologia junguiana, há uma compreensão muito distinta sobre os sintomas que não têm uma causa médica evidente: eles são mensagens simbólicas do inconsciente. Nesse contexto, o cansaço que não passa com descanso não é só físico — é um pedido de escuta da alma.
Carl Jung acreditava que quando a alma é ignorada, ela encontra maneiras de chamar atenção: através do corpo, das emoções, dos sonhos, dos sintomas. E entre esses chamados silenciosos, a exaustão simbólica é um dos mais comuns. Não a exaustão muscular, mas aquela que pesa como uma âncora invisível na rotina. Aquela sensação de estar sempre com o tanque vazio, mesmo sem grandes esforços.
Em muitos casos, isso ocorre porque estamos vivendo em desacordo com quem somos por dentro. Continuamos em trabalhos que não fazem mais sentido, relações que já não nos nutrem ou hábitos que nos afastam da nossa verdade. E quanto mais nos distanciamos de nós mesmos, mais o corpo e a psique entram em conflito.
Um estudo publicado na BMC Psychiatry (MEYER et al., 2023) investigou o fenômeno da “fadiga existencial” e concluiu que pessoas desconectadas de seus valores e identidade apresentam níveis significativamente mais altos de burnout emocional, mesmo quando não estão sob estresse físico ou mental extremo. Em outras palavras, não é sobre estar sobrecarregado de tarefas, é sobre estar vazio de sentido.
A filosofia existencial também nos ajuda a compreender essa experiência. Para Simone de Beauvoir, a rotina é o refúgio dos que desistiram de escolher. Isso significa que, ao automatizar nossas escolhas e viver no piloto automático, deixamos de ocupar a posição ativa na construção da própria vida. Preenchemos os dias, mas esvaziamos o propósito. Executamos funções, mas esquecemos do significado.
Esse esgotamento silencioso é, muitas vezes, a dor de não estar vivendo uma vida com verdade. Não estamos cansados porque fazemos muito — estamos cansados porque fazemos sem alma.
E a alma, como diria Jung, não grita. Ela se manifesta em sintomas. No corpo que adoece sem explicação. Na mente que perde o brilho. E no coração que já não encontra alegria no que um dia fazia sentido.
Esse cansaço não pede remédio. Pede reinício. Pede reencontro. Pede reconexão.