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💡Cuidar ou Disfarçar?
Você Está Cuidando de Si ou Apenas Mantendo Aparências?

Quantas vezes você já postou uma foto sorrindo enquanto, por dentro, sentia-se despedaçado? Ou disse “tá tudo bem” mesmo quando não estava? A gente aprende, desde cedo, a parecer forte. A sorrir por educação, a manter a rotina funcionando, a vestir a armadura da produtividade — mesmo que o corpo e a alma gritem por socorro.
Mas será que isso é cuidado? Ou só mais um disfarce? Cuidar de si não é sobre estar sempre impecável, calmo e funcional. Às vezes, é chorar, dizer não, pedir colo. É sustentar as próprias verdades mesmo quando elas incomodam.
Nessa dose de autoconhecimento e autenticidade, vamos falar sobre o que realmente significa se cuidar — e o que você pode estar escondendo por trás de “tá tudo bem”.
🧠 Autocuidado Real ou Teatro do Equilíbrio?

Gif on Giphy
Na era dos stories e das frases de efeito, o autocuidado virou estética. É máscara facial, rotina matinal de 10 passos, vela aromática e café gelado na mão. Nada contra essas práticas — elas podem ser deliciosas… E também gostamos delas aqui na Psicodrops! Mas, será que isso é cuidado ou só manutenção da imagem?
Como explica a psicóloga Tara Brach, o verdadeiro autocuidado começa no momento em que nos permitimos sentir — sem censura, sem performance, sem negação. Isso exige coragem. E presença. Não é sobre fazer o que parece bonito, mas o que é verdadeiro. Não é sobre sempre estar bem, mas sobre se permitir não estar e ainda assim se acolher.
Um estudo recente publicado no Journal of Contextual Behavioral Science (2023) investigou os efeitos do chamado “autocuidado performático” — ações voltadas mais para a validação externa do que para o bem-estar real. Os dados mostraram que, quanto maior a discrepância entre o cuidado que mostramos e o que realmente praticamos, maior o risco de sintomas de ansiedade, esgotamento emocional e sensação de desconexão interna (FLETCHER et al., 2023).
Na abordagem junguiana, o cuidado real com o self exige contato com a sombra. Jung dizia que a saúde emocional não se constrói apenas com luz, mas com integração: é preciso olhar com honestidade para o que escondemos — a raiva abafada, a tristeza ignorada, o medo que aprendemos a disfarçar com produtividade ou leveza forçada. “Aquilo que você nega, te submete. Aquilo que você aceita, transforma.” — essa é a essência do cuidado genuíno. Se quer conforto, precisará lidar com o desconfortável!
Terá de dizer “não” quando todo mundo espera um “sim”. Precisará sair de um ciclo que já te adoece, mesmo sem saber o que vem depois. Deverá olhar para si com sinceridade e perceber que tem algo que precisa mudar — e isso não cabe em um post bonito pra deixar fixado no perfil do Instagram.
Talvez, então, cuidar de si seja menos sobre parecer bem… e muito mais sobre se permitir ser humano — com tudo que isso carrega de beleza e caos, luz e sombra.