💡Conexão ou Dependência?

Você quer amar ou só não sabe ficar sozinho?

Você já parou para se perguntar se está se conectando com alguém... ou se está apenas se agarrando a essa pessoa para não encarar a própria solidão?

Em tempos de amores instantâneos, carências maquiadas de romance e likes que substituem presença, é fácil confundir o desejo de compartilhar a vida com o medo de ficar só.
Mas nem todo apego é amor — e nem toda presença é conexão.

Tem gente que só se sente vivo se estiver em relação. Tem gente que só se sente válido se for desejado. Tem gente que se apaixona, mas, na verdade, só não sabe ficar sozinho.

Nessa dose de autoconhecimento e autenticidade, vamos falar sobre os limites sutis entre o desejo de se conectar e a necessidade inconsciente de se fundir — para não ter que lidar com o próprio vazio.

🧠 Amor como encontro ou como fuga?

Valentines Day Crush GIF by Kel Cripe

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Segundo Carl Jung, “a solidão não vem de não ter pessoas por perto, mas de ser incapaz de comunicar as coisas que parecem importantes para nós”. Isso já nos dá uma pista: o medo da solidão não é sobre o outro. É sobre o que encontramos (ou não) dentro de nós mesmos.

Na prática clínica e nos estudos sobre vínculos afetivos, uma das maiores confusões emocionais ocorre entre apego ansioso e amor verdadeiro. Um estudo da Journal of Social and Personal Relationships (2023) demonstrou que pessoas com altos níveis de ansiedade de apego tendem a buscar relações intensas não pela vontade de amar, mas como forma de evitar o contato com sentimentos de inadequação e abandono (MORRIS et al., 2023).

Ou seja: às vezes, a necessidade de estar com alguém não vem da presença do amor, mas da ausência de si mesmo.

A abordagem junguiana propõe a individuação — tornar-se quem se é, por meio da integração da sombra, do contato com o inconsciente e da responsabilidade afetiva por si mesmo. Nesse sentido, um relacionamento saudável não é fusão, é encontro. É saber estar com o outro sem se abandonar.

Amar não é evitar a solidão — é escolher estar junto, mesmo podendo estar só.

Amar, no sentido mais profundo, não é suportar a presença do outro — é construir com ela.

Não basta apenas conseguir viver juntos sob o mesmo teto. Amor não é a ausência de brigas, nem o sucesso em evitar a solidão a dois. Amor é caminhar lado a lado, mesmo quando os caminhos internos são distintos. É quando duas pessoas decidem se desenvolver juntas, mesmo que o crescimento exija desconforto, espaço e ajustes.

Já o apego ansioso, por outro lado, não é sobre caminhar juntos — é sobre se agarrar com medo de ficar para trás. Ele nasce do medo de ser deixado, da ideia de que, se o outro for embora, “eu deixo de ser”. Por isso, a relação se torna tensa, cheia de tentativas de controle, exigências emocionais e inseguranças disfarçadas de afeto.

No amor que se encontra, há espaço para dois mundos existirem e se tocarem com respeito.
No apego ansioso, o outro precisa virar seu chão — porque você perdeu o seu.

Amar é um encontro de inteirezas. Apegar-se é tentar tapar o buraco de si com a presença do outro.

E o mais curioso? A liberdade para amar só aparece quando você já aprendeu a ficar bem na própria companhia. Porque aí sim, você escolhe ficar — e não implora pra não ser deixado.

🔋Ferramentas para Viver a Dois Sem se Abandonar

  1. Faça pausas para se escutar — mesmo dentro da relação.
    Relacionamentos saudáveis não exigem fusão o tempo todo. Reserve momentos para se reconectar consigo mesmo e entender o que é seu — e o que é do outro.

  2. Tenha vida própria, com gosto.
    Cultive seus hobbies, seus amigos e sua rotina mesmo estando acompanhado. Amar não é virar extensão do outro, é compartilhar duas vidas, não fundi-las.

  3. Pratique conversas autênticas — mesmo que desconfortáveis.
    Dizer o que você realmente sente, pensa e precisa pode parecer arriscado, mas é aí que nasce a intimidade verdadeira. Relação não é paz a qualquer custo, é verdade com respeito.

  4. Combine liberdade com presença.
    Estar junto não significa se controlar. Fortaleça acordos que valorizem a confiança mútua, sem monitoramento constante. Quem está inteiro, não precisa vigiar para confiar.

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Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção

Antoine de Saint-Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe

📚 Recomendação de Leitura:

Este livro aborda as complexidades dos relacionamentos modernos, desmistificando a ideia de que o amor é apenas uma emoção espontânea. Com uma linguagem acessível, ele explora como o amor é uma habilidade que pode ser desenvolvida, oferecendo insights sobre comunicação, perdão e intimidade. Ideal para quem busca compreender e aprimorar suas conexões afetivas.

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